Apesar dos esforços globais para o desenvolvimento de fontes alternativas de energia, a previsão é de que o uso de combustíveis fósseis, principalmente gás natural e carvão mineral, crescerá cerca de 60% até 2030. A estimativa foi apresentada pelo engenheiro Júlio Passos, do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina, durante a Eco Power Conference, que de 28 a 30 de novembro reuniu em Florianópolis (SC) cientistas, políticos e representantes de governos, empresas e organizações não-governamentais de vários países para discutir energias renováveis e desenvolvimento sustentável. Entre os quase 200 palestrantes do fórum, estavam o economista bengalês Muhammad Yunus, laureado com o Nobel da Paz em 2006, o vice-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o cingalês Mohan Munasinghe, e o ex-presidente chileno Ricardo Lago, enviado especial para mudanças climáticas da ONU.
Durante o encontro, o presidente do World Watch Institute (organização norte-americana que visa ao desenvolvimento humano sustentável), Christopher Flavin, disse que os investimentos em energias renováveis passaram de US$ 6 bilhões, em 1995, para US$ 70 bilhões em 2007. De 2001 a 2006, a energia solar foi a que mais cresceu (36%), seguida da eólica (24%).
Em 2007, cerca de 23 mil MW foram gerados de forma limpa. Para atender à demanda energética mundial, os investimentos nesse setor precisam chegar a US$ 30 trilhões nos próximos 25 anos, segundo estimativas apresentadas pelo presidente do Comitê de Mudanças Climáticas do G8 e diretor do Ministério do Meio Ambiente da Itália, Conrado Clini.
Muhammad Yunus(à esquerda) cumprimenta Mohan Munasinghe durante a Eco Power Conference, em Florianópolis (foto: Glaicon Covre / Agência RBS).
O Brasil em destaque
No cenário mundial, o Brasil tem posição de destaque no que diz respeito a energias alternativas. Segundo a diretora do Departamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Laura Porto, cerca de 45% da matriz energética brasileira vêm de fontes renováveis. O país é referência internacional em tecnologia de biocombustíveis e foi pioneiro no uso do álcool em veículos, ainda que motivado prioritariamente por fatores econômicos e não ambientais.
Mais recentemente, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) implantou o Pacto de Ação em Defesa do Clima. Segundo o presidente do CEBDS, Fernando Almeida, as empresas integrantes devem estabelecer metas voluntárias para reduzir a poluição atmosférica.
O físico brasileiro José Goldemberg, um dos assessores científicos da Eco Power Conference, disse que o etanol produzido no Brasil, além de competitivo, não polui. Segundo ele, foi possível, em pouco tempo, substituir 40% da gasolina utilizada para mover a frota de veículos no país. Na opinião de Goldemberg, essa medida contribuiu para melhorar a qualidade do ar na região metropolitana de São Paulo.
Mohan Munasinghe foi enfático em seu discurso ao pedir que todas as nações participem de um esforço conjunto para reduzir os impactos do aquecimento global. “O futuro do planeta depende das atitudes que tomarmos agora”, afirmou o vice-presiente do IPCC. “Amanhã será tarde demais.
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